Para uns, reconhece-se o direito ao palco espelhado da fama onde chegam apoiados em reluzentes bengalas de ouro!
Para outros, deixa-se a oferta de uma mola da roupa ao postigo sem vidros, para juntar as folhas soltas do seu diário!
Todos aplaudem a subida da escadaria do ensino e do sucesso pelos mais desfavorecidos socialmente, a maioria antevendo presunçosamente que não chegam ao primeiro patamar, mas… se os corajosos e inteligentes persistirem, e continuarem a vencer, os senhores do mundo empurrá-los-ão, para que não os alcancem, e não se misturem as águas, que um dia a todos transformarão em cinzas!
Precisamos de falar de amor!
Do nosso amor multiplicado de inefáveis sorrisos!
Do amor das pequenas coisas, enchendo balões de alegria!
Do amor silencioso, cintilando no olhar com palavras de arco-íris!
Do amor invernoso, despertando as brasas adormecidas da fogueira!
Do amor tímido, rodopiando só e nu repassado de desejos ocultos!
Do amor doce, beijando as diferenças com insaciáveis lábios de mel!
Do amor em chama, queimando os nossos sentidos!
Precisamos de falar de amor!
O Cacinho corria para a cozinha, situada num espaço próprio em fente à casa grande, sempre que o aroma do seu prato preferido lhe chegava ao apurado nariz.
A mãe pedia-lhe para tapar o tachão, e que aguardasse pelo regresso dos irmãos!
Às vezes, o Cacinho inventava a urgência de algumas tarefas, mas… só à hora da refeição lhe era permitido sentar-se à mesa primeiro do que os restantes membros da família, esperando impacientemente que a mãe o servisse.
O prato era simples, mas para ele um grande manjar, que a sua progenitora preparava com todo o carinho: arroz de batata, cortada miudinha, temperado com toucinho frito e linguiça, condimentos que ainda recheavam uma tentadora sandes de pão caseiro, desempenhando o papel de segundo prato.
O Cacinho tornou-se um exímio cozinheiro, mas ainda recorda o arroz de batata confecionado pela sua mãe, iguaria que nunca ninguém, nem os irmãos, eles e elas, nem ele próprio conseguiram imitar!
Enfim! Sabores de outros tempos temperados com a rendibilização de parcos recursos numa família numerosa, apurados com pitadas de imaginação, e regadas de muito amor!
O Sr. Molusco tinha uma macaquinho, que divertia toda a gente, principalmente os meninos e os homens, cuja agilidade me assustava, mas… eu tinha de passar ao estabelecimento do seu dono sem, contudo, olhar para o pequeno, mas “feroz” animal.
Fora da taberna, junto ao muro debruçado sobre o mar, o macaquinho permanecia preso a um bidão, por uma corrente unida a uma corda!
Um dia, o macaquinho começou a roer a corda e soltou-se! Saltou para o muro, mas… desequilibrou-se!
Toda a gente lamentava a queda de tamanha altura, antevendo que o bichinho não sobrevivera.
” – Ainda se fosse o borracho ferrado a dormir, que também caiu do muro abaixo, a quem Deus pôs a mão por baixo, safava-se! “- vaticinava uma vizinha do macaquinho!
Aproximaram-se muitas pessoas do muro! Não viam nada!
Mas… eis que o macaquinho, honrando a sua natureza, apareceu para alegria de todos, com as mãos curvadas e ensanguentadas raspadas pela aspereza das pedras por onde teve de arrastar-se, trepando com dificuldade, corajosamente!